sexta-feira, dezembro 02, 2011

Compreender - Aceitar - Respeitar

O ensino, do menor grau ao maior, treina-nos para encontrar igualdades e para as situar numa qualquer formalidade que se arruma nas prateleiras dos saberes. Para o entendimento, as diferenças são disformes, por isso incómodas,  enquanto não se deixarem agarrar pela teia da igualdade. 
À volta das igualdades organizam-se os saberes; à volta da diferença atraem-se e/ou repelem-se as emoções que ostentam ou disfarçam as debilidades próprias à boleia das decisões racionais e quase sempre como parentes pobres delas. A razão dá-se mal com diferença e com as emoções a ela associadas. O saber ilude este mal-estar e proclama vencido que cada caso é um caso. E cada caso impõe que o respeitem como tal – um mundo embrulhado de emoções. A contrapartida ética deste respeito exigido é o respeito devido às diferenças emocionais dos outros.
Em resumo, entender custa muito pouco porque a ciência basta e às vezes sobra. Mas o respeito torna-se um pouco mais difícil porque apela muitas vezes ao conflito inevitável de emoções diferentes e muito mais difícil ainda é aceitar, porque joga com a periclitante solidez da legítima solidão das emoções próprias: eu, irredutível ao outro, se aceito essa condição, envolvo-me com o que não sou e se do outro espero uma dádiva, contrario a própria irredutibilidade.
Acho, para acabar, que compreender é fácil; aceitar, é já incómodo; respeitar aproxima-se do heroico, porque é aceitar a subversão de si mesmo para que outro seja. Contudo, é na subversão de si próprio que o amor acontece.


3 comentários:

Pedro Piel disse...

Meu caro Lamas,
lá vens tu com as igualdades e as diferenças, como elas são percebidas numa teoria moral assente na razão pré-estabelecida.

Vejo-me aflito para decompor, frase por frase, as tuas deduções, para chegar lá. Mas, enfim, ainda que atrapalhado por esse hermetismo lusitano ("periclitante solidez da legítima solidão ..."), quase que lá chego. E digo quase, porque não estou a ver bem o que tu entendes por "subversão".

Pessoalmente, sinto uma certa relutância para aceitar a tua teoria, já que teimo em viver nas diferenças, quero dizer na resistência às "verdades absolutas". Viva a ficção!

Como dizias tu, "ainda" leio romances, vou ao cinema, ao teatro, o absurdo fascina-me. Isto como a tentativa de uma explicação.

Abraço
Pedro

Pedro Piel disse...

Meu caro Lamas,
lá vens tu com as igualdades e as diferenças, como elas são percebidas numa teoria moral assente na razão pré-estabelecida.

Vejo-me aflito para decompor, frase por frase, as tuas deduções, para chegar lá. Mas, enfim, ainda que atrapalhado por esse hermetismo lusitano ("periclitante solidez da legítima solidão ..."), quase que lá chego. E digo quase, porque não estou a ver bem o que tu entendes por "subversão".

Pessoalmente, sinto uma certa relutância para aceitar a tua teoria, já que teimo em viver nas diferenças, quero dizer na resistência às "verdades absolutas". Viva a ficção!

Como dizias tu, "ainda" leio romances, vou ao cinema, ao teatro, o absurdo fascina-me. Isto como a tentativa de uma explicação.

Abraço
Pedro

Anônimo disse...

Everyone loves it whenever people get together
and share views. Great blog, continue the good work!



My web-site ... noticias primero