Entes e entendidos
O que não faltam são os entendidos. Nisto, naquilo e em tudo. Quanto a isto estamos entendidos. Falta entendermo-nos sobre os entes. A confusão entre entes e entendidos vem de longe (Olá, Parménides!), incomoda o intelecto, mas, paradoxalmente resiste aos esforços (Olá, Sócrates, Platão e Aristóteles!) que a história da razão documenta no sentido de explicitar a mecânica do entendimento (Olá “ismos” greco-latinos e anglo-saxónicos continentais e transatlânticos, antigos, modernos e pós modernos e contemporâneos!), essa mecânica da maiúscula Razão que singulariza o bicho homem em relação aos demais seres do universo e da vida.
O homem estonteado pelos êxitos da racionalidade inventou um método contra natura que reduz os entes a ideados e… nada a fazer, auto proclamou-se “a medida de todas as coisas". De filho do mundo e da vida, tornou-se pai do mundo e da vida – um Deus feito à imagem e semelhança do homem…
Enquanto os homens não conseguirem perceber a irredutibilidade do ente ao entendido, mais e mais se enredam nos vícios filosóficos que impedem a razão de dar conta da transcendência dos seres (e evidentemente da do Ser...), cuja identidade se singulariza na existência, independente da razão que a pensa, dos termos que a expressa, das proposições que a traduz ou da vontade que a manipula.
E não digam que isto não tem importância para o mundo e para a vida: vejam os resultados dos comportamentos humanos quando a razão não respeita nem a singularidade do mundo, nem a singularidade da vida, nem a singularidade do espírito.
O primeiro produto da razão é o rácio. Do rácio ao racismo é um pulo de nada.