quarta-feira, dezembro 04, 2002

Sem fim...


Gosto muito da expressão sem fim. Mas gosto dela porque tenho consciência da morte. O fim da vida não tem que ser necessariamente o seu termo, nem o termo da vida se esgota necessariamente no seu fim... Em todo o caso, parece-me que só a consciência da morte torna suportável a ideia de o infinito poder durar a eternidade. Confesso a minha incapacidade para conceber a vida eterna sem a morte, bem como conceber a morte como o fim da vida. Fim e meta não se confundem, como nos lembrava um professor de ginástica de quem, aliás, muitos troçavam por ser um metafísico da educação física. Respondia sempre aos que lhe lançavam o remoque: preferia uma meta para a educação do físico do que educar o físico para cortar a meta. Parafraseando: antes programar uma corrida sem fim para o espírito do que construir um pódium para o destino final de um corpo.