A terra a quem a trabalha e o mar a quem o pesca...
Vêm aí eleições para um novo parlamento e, consequentemente, para um novo governo. Um governo para Portugal.
Dei comigo a pensar em Portugal. Dantes dizia-se alma até Almeida. Em várias ocasiões ao longo da nossa história, circunstâncias várias obrigaram os portugueses a fazer das tripas coração para leste e a malta ia, mas não ia muito longe, porque para lá de Almeida, a alma era de outros. E depois tínhamos umas rezas e umas cantigas protectoras: Senhora do Almotão/ minha tão bela arraiana/ voltai costas a Castela/não queirais ser catelhana. Portugal é pouca terra e muita água. Terra é apenas a suficiente para nela nos aparelharmos para ir para o mar: quem vai para o mar aparelha-se em terra Mas... nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Está certo, mas esquecer o mar, nunca. É por isso que a fronteira terreste que Deus haja esteve sempre colocada à distância ideal para não esquecer o mar. Nascemos na extrema do Douro e empurrámos a Foz do Douro até Foz do Côa, trouxemos a Extremadura para a boca do Tejo e o mar foi por aí cima até às gargantas do Ródão, alargámos Ribatejo Alentejo, subimos o Caldeirão para ver o mar no Algarve, e toca de o levar Guadiana acima, não muito longe, porque não nascemos para marinheiros de água doce...
Mas o mundo é feito de mudança Vai haver eleições para um novo governo de Portugal. De Portugal? Agora que o mar já não é solução, mas antes problema, não basta apenas alma até Almeida. Alma até Bruxelas ... de mão estendida, sem sangue na guelra, porque nosso mar já não dá peixe.