As palavras são como as cerejas.
Puxa por uma e outra e mais outra, quase um açafate delas vem agarrada à primeira. Servem de brincos. As picadas pelos passarinhos cantam doces em nossas bocas. A polpa colorida confunde-se com os lábios e os caroços, quais balas impulsionadas pela elasticidade das bochechas, tinam nos alvos que vamos escolhendo ao sabor dos disparates.
Brincos e balas, palavra puxa palavra, ao sabor do som que a diz, a humanidade lavra a natura e cria cultura. Já chegámos à realidade virtual: a palavra, no computador, é qualquer mancha de impulsos separada pela barra de espaços. Adeus cerejas: comem-se as poucas que há alinhadas e calibradas pela gramática do consumo nas embalagens frias de uma mensagem via Internet.