quarta-feira, janeiro 30, 2002

... dar tempo ao tempo


No princípio era o tempo. O tempo tinha o tempo todo ao mesmo tempo e no mesmo tempo. Como não havia tempo a perder, o tempo rebentou. O universo, mundo e vida, é o conjunto de fragmentos do tempo com a memória do tempo antes de rebentar – é um backup do sopro criador. O homem já descobriu que não há memória RAM nem ROM que processe o restore de semelhante backup. Chega-se sempre lá... sem memória. Não vale a pena perder tempo com o tempo. Dá tempo ao tempo, porque atrás de tempo, tempo vem.

... pelos dedos de uma mão


Os dígitos têm a ver com os dedos da mão. As mãos são duas e os dedos são dez. Os dígitos também. Começas a contar no dedo um e se não fosse o zero vias-te aflito para acabar a contagem. Medita: o zero é um pró-memória do fim — foi inventado para dizer que a mão acabou. E quem anda sempre com o zero à mão, escusa de se preocupar com tirar com uma mão o que dá com a outra.