Partir a diferença ao meio?...
A expressão em título é comum no mundo dos negócios. E o que é que não é hoje negócio? Apregoa-se por todo o lado que há que respeitar as diferenças, mas toda a educação se resume ao treino permanente para encontrar coisas iguais. A razão é um cata ventos de semelhanças e tem horror à singularidade.
Claro que para anunciar grandes princípios estéticos, diz-se que não há duas obras iguais e só uma é prima – a tal que é única, mas se protege com “copyright”. E... a caminho da ética, também se proclama que não há gente, há pessoas, cada uma delas com todos os direitos garantidos na célebre declaração universal que razão autoral inventou para eliminar as diferenças... entre as criaturas.
Reinventemos a cultura do ócio, a única capaz de produzir obras únicas. Tenhamos a coragem de não nos deixarmos vencer pela fruição utilitária que a razão descobre, mas abramo-nos às trocas gratuitas das diferenças que o amor único – criação sem lei – aponta.