quarta-feira, março 27, 2002

Uma mente brilhante


Fui ver o filme. É a história de John Forbes Nash Jr. que em 11 de Outubro de 1994 ganhou o Prémio Nobel da economia pelos seus trabalhos de matemática no campo da teoria dos jogos. Nash, com vinte e um anos de idade, mostrou como construir cenários matemáticos nos quais se pode verificar, numa competição, a vitória de ambos os lados. Foi o que a economia quis ouvir. Os economistas transformaram a teoria dos jogos num instrumento e hoje só se ouve falar em economês competição, competição, competição. Tudo graças a Uma Mente Brilhante – a de Nash.
Depois... a esquizofrenia. Deu em ouvir vozes e em dar estatuto de realidade ao que se passava tão só na sua mente brilhante. Pretendem os psicólogos freudianos explicar estes desarranjos mentais, dizendo que o casamento e a gravidez da mulher teriam conduzido a mente de Nash a perder a capacidade de distinguir sensações e razões, de ordenar o seu vasto campo de emoções. Mas ainda bem que casou: a mulher perdeu um amante; mas Nash não perdeu uma esposa. Graças a ela, a mente brilhante voltou a verificar que o que é real na vida é o encontro de dois corpos numa carícia, é a fragrância de um filho fruto da dádiva e não a fruição de um produto ordenado pelo jogo matemático da competição.
E no fim foi a uma mente brilhante que a Academia do Nobel deu o prémio, mas foi uma mente bonita (A Beautiful Mind) que o recebeu.