Chamar as coisas pelos nomes...
Pelos vistos, não é coisa fácil dar um nome à coisa, até porque, afinal, parece que a coisa sem nome não é coisa nenhuma. Daí, os apelos constantes para chamar as coisas pelos nomes. Parece haver um consenso generalizado sobre de que não há duas coisas iguais... E mais: cada coisa no seu sítio, um sítio para cada coisa e, portanto, sempre que se verificar a tentativa de meter duas coisas no mesmo sítio, não estamos a falar da mesma coisa... no mesmo sítio.
Jogo de palavras, mas não só. Trata-se sobretudo de ir ao encontro uma vez mais do real. O real narra-se; não se define, nem se classifica.
É por comodidade, tantas vezes por ignorância, muitas por preguiça da mente ou ainda por disfarçada desonestidade intelectual que a palavra coisa (da mesma família de causa) se transforma no lugar comum estereotipado e estático da realidade, cuja substância é essencialmente dinâmica e, por isso, nunca se esgota no discurso que a narra.
À expressão chamar as coisas pelos nomes, prefiro a de agarrar o boi pelos cornos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário