sexta-feira, fevereiro 21, 2003

A medida de todas as coisas...


O conflito entre a teoria e a realidade é cada vez mais patente. É o divórcio entre a razão e a vida, aquela forçando a realidade a vergar-se perante a auto-suficiência explicativa, a vida, por seu lado, contrariando a petulante ousadia da razão poder ter razão sozinha sem o incómodo da singularidade.
Espero que quem me leia, homem ou mulher, seja uma singularidade. Eu sou na realidade uma primeira pessoa do singular. Mas os filósofos dizem que somos "homem" e como tal, "a medida de todas as coisas"... Eu ainda me não dei conta do facto de ser "a medida de alguma coisa, fará então de todas elas"... O fascínio da razão é de veras ofuscante: dá por boa a imagem que cada um faz em determinado momento das relações que mantém com a natureza e depois deita fora ou reconverte essa imagem quando encontra uma realidade que a desminta, susceptível de verificação (por mais do que um homem) . Desta forma, a razão tem sempre razão: as "coisas" que existiam antes do homem não tinham medida, porque não havia homens para as medir; as "coisas" depois do homem têm sempre a medida que a razão lhes dá enquanto houver coisas "coisas" e coisas "homem" e.. mais do que um homem para garantir a submissão da prova ao processo do contraditório. Olha que o bicho homem é mesmo uma inteligência...
Parece que ultimamente anda a inteligência atrapalhada com a chamada física quântica. Já não é o "homem" a medida de todas as coisas, mas o "fulano de tal" observador. E o que ele observa tem a medida da sua observação, pelo que não pode dizer a outro "vem ver o que eu estou a observar", porque esse outro, quando observa, modifica a coisa observada. E já não há prova real de que o homem seja a "medida de todas as coisas", mas tão só daquela "coisa". A minha intuição é de que a "teoria" passa pela medida da "coisa", a do homem e a da mulher... A psiquiatria que resolva...

Nenhum comentário: