Outra vez o umbigo.
Desde que tive conhecimento da etiqueta umbiguismo para classificar os blogs com forte dose de carga afectiva mais ou menos íntima, dei em reflectir sobre o umbigo, o meu bem entendido.
Reconheço que o meu blog se inclui nesta classificação e não enjeito o risco de quem voluntariamente exibe diante doutros o exercício arriscado de se manter em equilíbrio no vértice da pirâmide, cujas vertentes mantêm fronteiras entre a vida íntima, privada e pública.
Não vejo correlação imediata entre olhar para o umbigo e a contemplação narcísica. Esta parece cair na tentação esfíngica de petrificar a própria imagem como centro do mundo. O umbigo, pelo contrário, escapa à função abstracta da imagem e impõe-se como sacramento, isto é, uma realidade visível e exterior de uma graça interior e invisível.
De facto, o umbigo assinala no corpo o fim do convívio simbiótico com a origem e o começo do encontro cada vez mais radical com a solidão a que nem a morte promete a esperança do sossego.
Quem pressionar com intenção sagrada o botão do seu umbigo abre duas portas simultâneas interdependentes que o introduzem na histórica aventura que a humanidade prossegue: a porta do amor e a porta da transcendência.
Do amor, a dádiva gratuita das suas entranhas que a mãe oferece ao mundo. Da transcendência, o nome de deus que o humano fixou para guiar o mundo e a vida à plenitude de ser.
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