quarta-feira, agosto 27, 2003

Lá tens as tuas razões ou... emoções?



Tu, jovem ou adulto, não te punas: és humano e tens o direito ao erro, aproveita os encantos e desencantos da vida, di-los com palavras que evoquem música, mistura a dor e o prazer com as tintas da terra e dos céus, plasma a emoção na obra infinita da tua fantasia e canta com o teu semelhante o hino da existência - porque para criar nasceste; e quem é só razoável não afecta a criação.

Foi a raciocinar sobre modelos abstractos e os seus símbolo que o homem isolou no computador a inexorável monotonia do pensamento, incapaz de se libertar das amarras formais da identidade e da não contradição: se o que é, é, não pode ser e não ser ao mesmo tempo, e, então, ou é ou não é.

O computador é para mim a mais gratificante das invenções: só há uma razão, cabe toda num microchip do tamanho de uma unha e desta maneira ninguém me engana quando argumenta eu cá tenho as minhas razões.

Nem o senhor tem as suas, nem eu tenho as minhas. Ponhamos a razão de ambos a funcionar, step by step, que a nós mais ninguém nos leva à certa...

À certa... só o gesto de uma dádiva sem preço - o Amor!

Que os meus harpejos de sapateiro a tocar rabecão não perturbem o entusiasmo perante as novas tecnologias; elas são úteis e abriram ao mundo uma nova era. Mas todas as eras produzem as suas rotinas.

Só a paixão acorda nos adultos as reservas psíquicas da adolescência, capazes de transformar em novidade o repetido e o habitual, e de tornar familiar e possível o que é estranho e misterioso.

sexta-feira, agosto 01, 2003

Até ao fim


De 3 de Abril de 1960 a 18 de Julho de 2003


No mar são tuas cores que a luz desenha
No horizonte de uma outra rota
Segui até ao fim tua façanha
Porquê tanto ocultaste teu rumo em troca?

Partias de manhã com tua dádiva
E nós na praia morna sempre aquém
Vagas que galgavas mulher impávida
Eram serenas ondas sempre mãe

E assim fugiu de mim o teu destino
Espuma branda teu corpo que não ousei
Puras águas as mágoas do meu signo
Que ao lado da tua barca naveguei

Contempla lá do alto o mar ameno
Regressa às margens estreitas do meu rio
Repousa enfim de coração sereno
E só a vela segue como eu a guio.


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